segunda-feira, 1 de abril de 2019

Ana lógica

Que quisera escrever-lhe a alma era verdade 
faltava-lhe o lápis e o papel. 
Tinha apenas tela e teclas 
era frio, fácil, deletável. 

O calor, a rasura, o caos não mais lhe pertenciam. 

Ficaram a distância, os boletos, 
dias compridos e cansados e nenhuma poesia.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Palavra, luz de candeeiro


Frases são o manual de instruções das coisas ocultas
que me viram obsessão vez em quando
Não é exatamente o vazio, mas uma multidão desordeira
Uma multidão que parece se aquietar com palavras
Palavra é luz de candeeiro

terça-feira, 7 de abril de 2015

Impropriedades minhas

Minha cabeça tá burra. Tá burra porque botou tanta coisa nela que não cabe. Daí fica tudo pela metade e nada mesmo funciona bem.
Dividi o meu eu e peguei o que sobrou. Tentando juntar as metades pra refazer um inteiro.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Caramujo



Às vezes o dentro de mim fica vazio,
oco mesmo, como concha do mar
que dá pra ouvir o oceano se encostar na orelha

porque tá vazio de coisas
mas tá cheio de vento e sonho

Às vezes os sonhos se espremem pra caber a dor
essa dor que é só de viver mesmo
que todo mundo que tem alma sente vez em quando.
Nada especial, nenhum desprivilegio que seja só de mim.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A transcendência da insignificância

Cá estou eu
Ser insignificante no universo
Tão mínimo e comum
Minha cabeça que cria outros mundos e tantas questões complexas
Minha cabeça não entende sua insignificância
Não entende que pensa tanto pra ninguém
Somos bactérias numa vala imunda

sábado, 22 de novembro de 2014

E daí?

Sem outro não sou
Entre mim e ele me perdi
Me perdi entre o corredor e o sofá
E dali nunca mais saí
Apesar da vontade de conhecer a China
Por enquanto a esquina é longínqua que assusta
Prefiro percorrer minhas distâncias no apartamento
E abafar os sonhos com preguiça
Já que sonhar nesses dias anda tão caro

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel

Hoje se foi dessa terra o homem do Barro
E eu percebi que ele pôs em mim um ovo, ovo de passarinho
Que tem que chocar até que voe a pena que vai escrever sentido
Porque o sentido que ele me faz nunca houve igual, e ser pedra era gostoso e me faz querer jogar com palavra
Palavra é bicho bom, poesia é um vento que sopra na espinha
Dividir o arrepio desvenda as almas e acende a luz
E Viva o mestre do sorriso gostoso!