quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Conveniências
Quando quiser te ver te chamo
chamo porque te amo
amo nem que seja
que seja por alguns segundos
de empolgação enebriada
embriagada de álcool
ou de sentimento
amo o amar-te só
e não o amar sozinho
amo você agora
amanhã, talvez
amo o frio que dá
e que vira calor e que depois se esvai
e depois de tanto amar
só me resta a dor
a dor do vazio
do passarinho sem lar
na chuva
só lhe resta o fio, o frio
dor de viver o amor sem culpa
e depois acordar só.
[Para a amiga Mariana]
domingo, 27 de novembro de 2011
Física Quântica
(Poeminha Stephen Hawking)
Não é racional nem complexo
É do chacra solar, é visceral
Vem do meio e não das pontas.
Como se defender de um buraco negro,
De uma força maior que tudo?
Que suga os sonhos, os instintos e as
energias.
sábado, 26 de novembro de 2011
Imprevisível tempo
Uma nuvem estranha cobriu o céu essa manhã
tapou o sol, acinzentou o dia
Uma nuvem estranha acordou em mim
encheu meu peito de neblina
e me tirou o ar
Uma nuvem estranha fez o céu chorar
e me fez em lágrimas
Fez-se tempestade, fez-me confusão
Uma nuvem estranha me levou ao limbo,
me tirou certezas, me trouxe verdades
Uma nuvem estranha, imprevisível e frágil
mostrou que tudo muda, tudo ensina.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Auto-retrato
Magrinha, magrela
Morena, cabocla.
Olhos de amêndoa
Maçã, bem maçã
Nariz quase nada
Cara quadrada.
Lábios de sorrir.
Caracóis de mel e canela
Pés de criança
Colo e ombros
Cabeça de vento. Cabeça de sonho.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Escrevo poesia
Escrevo poesia
Porque a poesia não me pertence, ela só me usa.
Ela me usa pra nascer.
Ela vem de não sei onde e vai pro mundo, enfim.
Tanto que vem sempre urgente
Não respeita meus momentos
Precisa ganhar a luz quando determina assim
Eu que me vire em papel e caneta
Em teclados ou pincéis
Eu que me revire em sentimentos e pensamentos
Que se intercalam e se confundem
Eu que não a permita vir ao mundo
Pra ter a mente martelando e o estômago ardendo
Escrevo poesia
Porque ela grita em mim
Porque, assim como tudo que pulsa,
Ela também precisa ser livre.
A borboleta
A natureza, em toda a sua sensibilidade e sublimação,
imprimiu nas asas de uma borboleta duplamente o símbolo do infinito. Doce ironia,
logo ela, que vive apenas por algumas horas. Tolice...
Tolice é viver anos e acreditar que o amanhã não chega para
nós. Que podemos arrastar cada dia, porque amanhã tem mais. A sábia
borboleta vive suas eternas horas a planar, regozija-se nas beiras dos rios e
busca seu par. Ela sabe que não há amanhã. Assim como não o há para nós.
Podemos
ler nas asas da borboleta que o infinito não é uma questão de tempo
simplesmente. O infinito pode estar escondido em pequenos segundos, que trazem
plenitude e eternidade aos nossos anos. Viver eternamente depende de perceber a sensação dos infinitos momentâneos.
ResigNaçÃO
Não vou me contentar com pouco. Como já disse algumas vezes,
Chico me traumatizou na infância com aquela historia da Carolina. Desde então
meu medo é esse, e eu vivo o afã de viver sempre melhor.
Não vou me contentar
em sentir angústias adiadas. Viver angústias não faz mal, desde que sua
contrapartida valha à pena.
Não vou me contentar com pouco. Aceitar a infelicidade não
está nos meus planos, em nenhuma esfera. Fui feita de coisa de felicidade,
criada e crescida assim, com marca registrada e tudo. Ser infeliz não combina
comigo.
Não vou engolir o choro. Tenho a sensação que estarei sempre em
busca de mais, no entanto, sem angústias. Sair da zona de conforto pode doer,
incomodar, expor. Mas sempre me ajuda a redescobrir e desenhar um novo caminho.
Em busca de transformação, não vou me contentar jamais.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Máquina de escrever
Ontem eu escrevi um monte de coisas. Entre boas e ruins salvam-se algumas. Então, no meio de um poema veio o
repente de olhar para o relógio.
É tarde, desligue e vá dormir!
repente de olhar para o relógio.
É tarde, desligue e vá dormir!
Será que Manuel Bandeira malhava de manhã?
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Do caminho que faz
(poesia explicada)
A poesia é o sentimento que vem da alma
Rela no cérebro (vira
palavra)
Abraça o coração (ganha
fluidez)
E escorre pelos dedos (se
liberta)
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Praieira
Ipanema tem cheiro, gosto, som
Tem cheiro de maresia e maconha
Som de onda quebrando
E das entonações engraçadas dos ambulantes
Que eu adoro perceber.
Tem cor de mar e pôr-do-sol
E sensação de brisa fresca batendo na pele
Quente, morena, salgada.
Tem gosto de mate de galão
E água de coco.
E tem o depois
O corpo mole, relaxado
Que dorme tranquilo, em paz.
[Eu adoro praia! Praia pra mim é banal, é a primeira coisa que me vem à cabeça quando acordo num dia sem trabalho: Se estiver sol, eu vou pra praia. Nasci e cresci no litoral, ficar longe do mar é sempre um tormento]
domingo, 13 de novembro de 2011
?
Na dúvida, viva
Viva sempre e mais
Escolha o que te torna pleno
O que te tira o nó da garganta
E te liberta para respirar
Na dúvida, escolha o erro
Ele te embaraça e te arrepende,
Mas é quem constrói as melhores sensações
que vais experimentar
Na dúvida, fique com a sinceridade
Sinceridade contigo mesmo
Procure e permita se escutar
Faça apenas o que te for verdade
O que te for feliz
O que te torna vivo.
sábado, 12 de novembro de 2011
Se joga!
Quando sonhar não resolve mais, o que
fazer? Acreditar nos sonhos sempre me pareceu ser a coisa mais inteligente na busca incessante pela felicidade nossa de cada dia. Mas então, nesse
mundo onde muitos se dizem angustiados e aflitos com o que vem fazendo de suas vidas,
é raro ver, na prática, a entrega.
E sem entrega, não se pode ser inteiro. E
para viver sonhos é preciso estar inteiro, se entregar, deixar o rio te levar
pelas correntes para onde o sonho permitir. E esse impulso anda em falta.
Estamos nos amarrando às margens da vida,
vivendo nas beiradas, onde é seguro, onde tudo é mais brando e controlável.
Longe da correnteza. Às vezes, quando tropeçamos sem querer, deixamos nos levar
um pouquinho... Então, puxamos a corda na primeira eminência do desconhecido,
do não planejado, e voltamos à margem.
E depois sentimos a angústia, o vazio,
buscamos os porquês sem nunca achá-los. Alguns procuram materializar sua
felicidade em coisas e não entendem como nunca preenchem os buracos em seus
estômagos, não sabem de onde vem, de repente, a falta.
Viver às margens é assim mesmo, pode ser
mais fácil na maior parte do tempo. Mas, a coisa do qual somos feitos precisa
mais, precisa navegar sem rumo e, cedo ou tarde, vai cobrar essa jornada, vai
tirar a cor das coisas, sacudir os prumos, apertar o coração e pulverizar
ideias estonteantes e duvidosas que não vão nos permitir ficar parados.
Cedo ou tarde vamos ter que cortar as
amarras e nos jogar de cabeça, flutuar pela correnteza, ficar a deriva. Esperar
que o sonho nos leve em uma viagem incrível, de obstáculos surpreendentes,
tormentas, paisagens, redemoinhos. Que nos mostre o valor real das coisas, que,
pela experiência, nos faça compreender o incompreensível, que nos permita de fato
entender o que é de verdade um porto seguro.
(Exemplos de pessoas que recuaram do salto
bem na beira do abismo me chegam aos ouvidos diariamente, e isso me fez
refletir. Escrever tem sido minha principal terapia. Redescobri-me nas linhas e
isso tem sido reconfortante. Primeiro porque acalma a alma, segundo, porque me
faz feliz ler as produções depois, e mais feliz ainda de saber que ajudo também
a desvendar corações amigos. É bom saber
que não sofremos sozinhos, que a angústia do outro pode ser a sua e que as conversas
não precisam ser feitas apenas em mesas de bar.)
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Reflexões sensíveis
Queria ter tempo e coragem de ser tudo o que eu imagino. De
viver todas as possibilidades, sem ponderar o amanhã. Queria ter tempo e
dinheiro pra ir e vir quando quisesse, jogar tudo pro ar e não mais me sufocar.
Viver livre e sem angústias ruins. Empregar toda a energia em vida plena de
alegria e satisfação.
O mundo foi regido por maus vivants, que não sabiam
desfrutar do que há de melhor, que não compreenderam que o outro feliz te torna
feliz, que a plenitude é uma onda de contágio.
A repressão, a supressão do
tempo de gozo, nada disso faz sentido. Em nome do acumulo, do dinheiro. E deixa
pra trás a oportunidade de amores, os olhares dos filhos, os bate-papos despretensiosos,
as trocas mais sublimes.
E assim se esvai a cor dos dias, o azul empalidece e
fica quase cinza. O verde já não importa e os lábios vermelhos das meninas
perdem o viço.
De sentir demais
Sentir não é nenhum privilégio
Todo mundo sente.
Somos todos feitos da mesma coisa
Coisa que anda, fala e sente.
De sentir demais eu já não digo
Porque sentir demais é de alguns.
Alguns que não se importam com
o oito e o oitenta
Que, por inocência ou burrice,
deixam-se levar pelo bater do peito
o arrepiar da pele
o descompasso dos suspiros.
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