quinta-feira, 25 de outubro de 2012

De ser parte



Tô cheia dos vazios!

Das convenções e dos conformismos
Dos degraus e desníveis
Da engrenagem engessada

Lenta e constante


Tô cansada de ser parte
De ser peça pequena 
Indiferente, que não embasa nem emperra


Quero coerência, empatia
Pensar com sentimentos
Colorir os transparentes
Arregalar os corações dos cegos de alma
Assoprar a fumaça irreal que cobre o discernimento por pura convenção.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Alma livre



alma livre ocupa espaço
que às vezes não cabe na sala
não cabe no bairro nem em si

precisa de ar, de vento e de estrada
precisa de mundos, cores e cheiros
precisa transcender o tempo

dá comichão, angústia, ansiedade
dá também felicidade, possibilidade, coragem

alma livre é dura como rocha e perecível como pétala
para alimentá-la, sonhos
para matá-la, conformismo.






Sufoco



num buraquinho bem pequeno e sem muito espaço
o ar que falta
externo ao externo

hoje poderia ser só mais um dia
que eu quero que termine num susto



terça-feira, 9 de outubro de 2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Burocracia



Lá fora o dia pulsa e me instiga a viver
O sol que reflete nas pedras das montanhas
atrai meu coração como um imã

Os movimentos da cidade parecem gritar com minha alma
'Vem, vem
Sai dessa sala cinza e vem viver em cores!'


Mas o ruído do ar condicionado me recorda
Que é hora de voltar ao posto e vestir a camisa de CLT


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sobre a inutilidade de ser



Assim, um ser inútil
mais uma peça lisa em um quebra-cabeças cinza
mais um menos e menos sentido

sem sentido e só sentir
de sentir o que só dói, o que distorce a visão e maltrata o peito

pois sentido e sentir tão parecidos
que a ausência do sentindo faz o peso do infinito
ser sentido por só ser.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Sobre o tempo e a liberdade




O tempo passa como se ignorasse, de minha parte, toda a sede de viver.
Se de pensar em como passa me dá vontade de morrer
de gritar e de fugir,
de perder as estribeiras e arrancar de vez os estribos.

Se cada conjunto de sessenta minutos é um pacote relativo,
que voa como o vento ou se arrasta como lesmas.
Se me angustia pensar em onde aplicá-lo,
muito mais do que me concerne o dinheiro.

O que fazer com essa coisa que se chama tempo, e que se traduz em vida.

Porque a sede de poder sentir-lhes os braços de vento a cada segundo de alegria.
Porque a acidez de sentir-se algoz em grades de fumaça e tic-tac.

Enlouquecer é privilégio para os livres.




quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Corpo presente


Hoje a tarde se arrasta
o tempo se encomprida e passa lento

Entre escritas, luzes e redes
me perco na tarde vazia e burocrática
e me acho em meio a pensamentos e versos
de alegria e sorrisos fáceis

O tempo é tão relativo quanto a felicidade.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dão-me pesar os poetas americanos


Principalmente dos mais jovens. O inglês contemporâneo, com seu vocabulário simplificado é perfeito como língua universal, mas não para resolver poesia. Imagino escrever poemas e colocar os sentimentos em palavras com tão limitadas opções. Deve ser complicado.

Antigamente a língua ainda dispunha de rapapés que ajudavam a tangibilizar as complexidades, mas hoje... Confesso que não queria ser nativa dos países que têm essa como língua mãe. Talvez morresse sufocada sem conseguir escrever.

Portanto, fica aqui minha admiração aos compositores e poetas que conseguem expressar lindamente seus sentimentos 'in english' e também a minha total inaptidão para adaptar-me à língua universal em versos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012


Felicidade é loteria. Os números são muitos e as cartelas estão na mesa.
Tem fórmula mágica? Não creio. Tem sorte? Tem. Tem acaso? Só.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Relutante



Não lembro-me exatamente o seu rosto,
Mas seu cheiro ainda sinto nas esquinas
Seu toque ainda vive em meu corpo
Seu gosto é recente às minhas papilas

As texturas e formas decorei em minha memória
E daí serão difíceis de sair

Meus pensamentos, que eram quase sempre seus
Lhe pertencem vez em quando
Alguns assuntos do seu mundo ainda têm minha atenção

E sorrisos visitam, às vezes, meu lábios por ocasião de você

Apesar das tentativas
De liberdade e desapego,
Reluntante que é,
Ainda mora em mim.

Poeminha da não-razão


Frio, fome, dor

Quem se importa?

Quando tudo o que se sente

É amor!