[Quando os sentimentos de morte invadem
nossa alma, o que fazer?]
O vazio chegou junto com o tempo
O tempo que não tinha
e tinha certeza que
fazia falta
Falta de vida
De atenção
De paciência pra olhar em volta
e perceber
que há mais
Que só mecânica
Que caixinhas, que trabalho e televisão
Que o sentido das coisas pode ir além
E está nos minutos de total ócio
Na percepção do tempo real
Nos intervalos improdutivos e pouco
práticos
(que tanto nos fazem suprimir)
E é fácil suprimir
Porque não se quer se perceber
Olhar pra dentro de si dói
Perceber as horas enquanto elas passam
E perceber que não importa o que façamos,
elas passam
Isso dói
Mas é só essa dor que nos acorda,
nos
transforma e nos faz ver
Que a vida pode ser mais do que pequenos
intervalos entre tarefas exaustivas
Que a vida é sofrimento, é descoberta, é
sentimento
É o que pulsa, morre e nasce todos os dias
E por isso dói
Porque a dor é necessária, como a morte
Para que o novo venha, para que a
transformação se dê.
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