terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Terapia de um só

[Quando os sentimentos de morte invadem nossa alma, o que fazer?]



O vazio chegou junto com o tempo
O tempo que não tinha 
e tinha certeza que fazia falta

Falta de vida
De atenção
De paciência pra olhar em volta 
e perceber que há mais

Que só mecânica
Que caixinhas, que trabalho e televisão
Que o sentido das coisas pode ir além

E está nos minutos de total ócio
Na percepção do tempo real
Nos intervalos improdutivos e pouco práticos 

(que tanto nos fazem suprimir)

E é fácil suprimir
Porque não se quer se perceber

Olhar pra dentro de si dói
Perceber as horas enquanto elas passam
E perceber que não importa o que façamos, elas passam

Isso dói

Mas é só essa dor que nos acorda, 
nos transforma e nos faz ver

Que a vida pode ser mais do que pequenos intervalos entre tarefas exaustivas
Que a vida é sofrimento, é descoberta, é sentimento
É o que pulsa, morre e nasce todos os dias

E por isso dói
Porque a dor é necessária, como a morte
Para que o novo venha, para que a transformação se dê.

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